O líder quilombola da Comunidade dos Arturos, de Contagem, José Bonifácio da Luz (Bengala), foi diplomado doutor juntamente com outros 14 representantes da cultura popular. O reconhecimento pela comunidade acadêmica marca a importância da transmissão dos saberes e do conhecimento pela ancestralidade de líderes de grupos quilombola e indígenas, valorizando as práticas e a diversidade da cultura tradicional.
A diplomação é regulamentada pela Resolução Complementar n. 01/2020, do Conselho Universitário, aprovada em 28 de maio de 2020 como reconhecimento de Notório Saber pela UFMG.
Foto: Ludmyla Toledo - Acervo Iepha-MG
Os líderes diplomados foram “o Cacique Nailton Muniz Pataxó; o líder indígena xacriabá Valdemar Ferreira dos Santos; Mestra Mayá, da Terra Indígena Caramuru Paraguassu, na Bahia; José Bonifácio da Luz (Bengala), líder quilombola da comunidade dos Arturos, em Contagem; Mameto Kitaloyá, liderança do terreiro Nzo Atim Kitalodé, em Belo Horizonte; Dirceu Pereira Sérgio, capitão regente e presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, em Ribeirão das Neves; Joelson Ferreira dos Santos, líder da Teia dos Povos e do Assentamento Terra Vista em Arataca, na Bahia; Mestra Japira, pajé da aldeia Novos Guerreiros, na Bahia, e zeladora dos saberes Pataxó; Edson Moreira da Silva (Primo), mestre de capoeira; Cacique Babau, liderança da aldeia Serra do Padeiro, no sul da Bahia; Isael Maxakali, líder do povo Tikmũ’ũn (Maxakali); Sueli Maxakali, líder do povo Tikmũ’ũn; Gil Amâncio, ator, dançarino e músico; Maurício Tizumba, ator, compositor e multi-instrumentista, e Ricardo Aleixo, artista intermídia e pesquisador de literaturas, outras artes e mídias.”
ARTUROS
Os Arturos, em Contagem, receberam o primeiro registro de patrimônio cultural imaterial de uma comunidade tradicional dentro da categoria de lugares. A comunidade é responsável pela manutenção de diversos bens culturais, ritos e tradições herdadas pelos primeiros membros de sua formação.
Em maio de 2014, a Festa de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos foi declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais, no contexto do Registro da Comunidade dos Arturos, em Contagem. Foi o primeiro registro de uma comunidade tradicional como patrimônio cultural, fato que ampliou a noção da categoria de lugares e que possibilita outros reconhecimentos. A comunidade é responsável pela manutenção de diversos bens culturais como a Festa do João do Mato, a Festa da Abolição, o conhecimento sobre as plantas, a Folia de Reis, o Congado, as Guardas de Congo e Moçambique e a sua cozinha tradicional. Além da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Arturos, também foram reconhecidos o Reinado/Congado dos Arturos e o Rito da Benzeção nos Arturos, bens culturais também relacionados à Comunidade dos Arturos.
O Iepha-MG saúda os líderes diplomados e parabeniza a UFMG pela iniciativa do reconhecimento tão importante para a salvaguarda da cultura popular.