Lançados neste domingo, 22 de agosto, dentro da programação do Dia do Patrimônio Cultural 2021, estão disponíveis no site do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, a Exposição Iepha-MG 50 anos em 50 imagens e o Mapa afetivo de Belo Vale.

O ano de 2021 é marco comemorativo do cinquentenário do Iepha e com isso, foi elaborada uma exposição de registros fotográficos que dialoga com a história institucional. 

As imagens, encontradas no expressivo acervo iconográfico do IEPHA, revelam fragmentos do trabalho cotidiano de 50 anos, constituindo um ensaio sobre “os saberes” e “os fazeres” que pautaram a caminhada plural do Instituto em favor da proteção, salvaguarda e promoção do patrimônio cultural mineiro até os nossos dias. 

O resultado representa um exercício de interpretação da cultura material do IEPHA e, principalmente, uma oportunidade de celebrar a sua atuação como lugar de memória e de construção cinquentenária da história da preservação em Minas Gerais, integrando passado, presente e perspectivas de futuro.

 

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Na foto: Silvana Trindade, Jorge Askar, Angela Canfora e Tarcísio Guadalupe em vistoria em bem tombado/Acervo IEPHA-MG, Barão de Cocais/MG

 

Mapa Afetivo de Belo Vale

 

O patrimônio cultural do município de Belo Vale reúne histórias que agora podem ser conhecidas através de um “Mapa Afetivo”, realizada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Iepha-MG, em parceria com a Appa – Arte e Cultura e com o apoio da Prefeitura de Belo Vale.

 

O projeto audiovisual coletou relatos de histórias para diversos lugares de memória da cidade de Belo Vale. São registros das lembranças, experiências e relações sociais vivenciadas por seus moradores, em que se conectam com os bens culturais materiais e imateriais, no território do município, em áreas urbanas e rurais. Em seus emocionantes depoimentos, narram experiências vivenciadas e histórias surpreendentes sobre o município. 

 

As igrejas de Santana, da Boa Morte e a Matriz de São Gonçalo se juntam a outros patrimônios da cidade nesta imersão cultural, bem como a Cachoeira Boa Esperança, a Banda Santa Cecília, o Hotel Paraíso, o Complexo de Estação Ferroviária de Belo Vale, à Escola Municipal Maria da Conceição de Castro Soares, as Ruínas de Chacrinha dos Pretos e a Fazenda Boa Esperança.

 

Entre os relatos, as memórias afetivas sobre a Fazenda Boa Esperança, exemplo da arquitetura rural mineira do final do século 18, são contadas sob o olhar de Expedito Marques de Oliveira. Nascido e criado no local, ele relembra a sua trajetória na fazenda que é marcada por amor e dedicação.

 

O Mapa Afetivo de Belo Vale está disponível gratuitamente para todas as pessoas e faz parte de uma série de ações de promoção do patrimônio cultural desenvolvidas através da parceria entre IEPHA e APPA – Arte e Cultura.

 

Iepha-MG 50 anos

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, Iepha-MG, que celebra em 2021 seu cinquentenário, é uma fundação vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo que atua no campo das políticas públicas de patrimônio cultural. Cabe ao Instituto pesquisar, proteger e promover os bens culturais de natureza material e imaterial de Minas Gerais, em parceria com os órgãos municipais e federal. O Iepha-MG, em sua trajetória, vem ampliando o diálogo junto aos coletivos de cultura e às comunidades locais fortalecendo a participação no reconhecimento do patrimônio cultural do Estado.  

Na trajetória do Iepha-MG, dois pontos ainda merecem destaque. Primeiro, a busca por instrumentos de proteção que acompanhem a dinâmica da institucionalização desses “novos patrimônios”, com todas as especificidades acumuladas nos processos internos de discussão e nas próprias experiências de proteção. Segundo, a articulação com os grupos sociais no reconhecimento de suas práticas culturais relacionadas, tanto à imaterialidade, quanto à materialidade, ou seja, a busca da ligação destas dimensões em relação ao lugar, ao território da produção cultural.

 

Fazenda Boa Esperança

 

A Fazenda Boa Esperança é um exemplar da arquitetura rural mineira de finais do século XVIII que, segundo a tradição histórica, teria sido erguida por trabalhadores escravizados entre 1760 e 1822. Pertenceu a Romualdo Monteiro de Barros, figura mineira influente nos cenários político e econômico, conhecido como Barão de Paraopeba. A fazenda encabeçava um complexo sistema produtivo agrícola que chegou a abastecer, inclusive, a então capital Ouro Preto. 

 

A sede da Fazenda Boa Esperança foi construída sobre fundação de pedras, com estrutura de madeira e vedações em pau a pique. Remetendo ao modelo ibérico rural, que revela práticas sociais da época e o prestígio familiar, possui varanda entalada frontal, com um quarto de hóspedes com entrada independente à direita e, no lado oposto, uma capela com rica ornamentação. Internamente, a sede possui tabuado largo e forro de madeira em gamela. A capela, contrastando com a singeleza construtiva do ambiente familiar, ostenta retábulo com rico trabalho em talha dourada, com altar dedicado ao Senhor dos Passos, além de painéis com pinturas, nas paredes e no forro. Os trabalhos, de filiação ao Rococó, são atribuídos a João Nepomuceno, artista de relevo na história da arte mineira. Dentre outras estruturas, além do paiol de pedra, ainda há alicerces de pedras do que poderiam ter sido as senzalas e também ruínas de possíveis engenhos. O Iepha-MG, em parceria com a APPA – Arte e Cultura, desenvolve na Fazenda Boa Esperança ações de promoção, educação e visitação pública.