O evento teve exposições, participação de coletivos, historiadores e pesquisadores para rodas de conversas e oficinas

Um grande debate sobre fotografia e patrimônio cultural movimentou, durante cinco dias - de 16 a 20 de agosto, em 20 eventos no Circuito Liberdade e Praça da Liberdade,  fotógrafos, historiadores, estudantes e público em geral para falar sobre memória, registros e cultura.  O Circuito Fotografia e Patrimônio Cultural, realizado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), em parceria com o coletivo mineiro NITRO,  possibilitou ao público uma reflexão sobre o tema por meio da participação nas rodas de conversa, oficinas e exposições.  Foi um encontro para celebrar o Dia Nacional do Patrimônio Histórico e o Dia Internacional da Fotografia.

A presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, destaca que o evento proporcionou  intensas trocas de conhecimento, promoção e salvaguarda do patrimônio cultural tendo como referência a produção fotográfica. “O Iepha-MG, o Coletivo Nitro, e outras pessoas envolvidas com a imagem e a fotografia estimularam o público de várias idades a passear pela cidade, pelo Circuito Liberdade, através do tempo, da história viva de Minas Gerais”,  avalia Michele. “O olhar para a fotografia como arte, documento e acervo, trouxe à tona relações afetivas com o patrimônio cultural, material e imaterial, promovendo sua ressignificação e apropriação”, conclui.

Uma grande exposição à céu aberto, montada na Alameda Travessia, na Praça da Liberdade, reuniu fotos antigas  e curiosas de Belo Horizonte, Ouro Preto e Mariana – as três capitais de Minas Gerais – atraindo um grande público. Ainda na praça, no sábado de manhã, a caminhada fotográfica, cerca de 50 amantes da fotografia realizaram um passeio e fizeram registros no entorno do Circuito Liberdade.

Para Gustavo Nolasco, do coletivo NITRO, o objetivo de trazer uma nova discussão sobre a junção entre a fotografia e o patrimônio foi cumprido.  “O evento movimentou a cidade, e os setores técnicos de patrimônio, de fotografia e de memória se expandiram. O tema foi abordado para além de Belo Horizonte”, diz o jornalista. “Vieram pessoas de outros lugares, que participaram e conheceram o que é produzido aqui em Minas e querem levar isso pra fora”, conta Nolasco. “Para a NITRO,  foi muito gratificante saber que a gente conseguiu fazer a cidade  e as pessoas pensarem e proporem coisas novas tanto na fotografia quanto no patrimônio”, considera.

Participaram do evento nomes como o  fotógrafo uruguaio Daniel Sosa,  um dos criadores do Centro de Fotografia em Montevidéu, instituição pública, referência internacional na preservação e difusão da fotografia na América Latina; e também Sergio Burgi,  membro do Grupo de Preservação Fotográfica do Comitê de Conservação do Conselho Internacional de Museus (Icom) e coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles (IMS), principal instituição voltada para a guarda e preservação de acervos fotográficos no Brasil. Destaque também para a participação da premiada fotógrafa paraense Elza Lima, primeira mulher a fotografar a Amazônia, na Roda de Conversa especial do projeto Foto em Pauta.

A atuação dos coletivos também foi destaque no Circuito. Dentre eles, o Erro99 realizou o Duelo de Rimagem com os participantes da Família de Rua – MCs que atuam no duelo de rap do viaduto Santa Tereza.  As rimas improvisadas foram feitas sobre a s fotos, com trilha de beats e DJs, e encerram o evento numa grande festa na Praça Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Liberdade.

Para consolidar as comemorações do Dia Nacional do Patrimônio Histórico, também foi lançada a primeira edição da “Óculo - Revista do patrimônio cultural e a Jornada do patrimônio cultural”. A publicação foi produzida a partir das discussões de seminário estadual sobre circuitos culturais e as cidades e está disponível para download aqui no site.  O Circuito Fotografia e Patrimônio também será tema de uma edição da “Óculo”