Conep aprova o tombamento do Túnel da Mantiqueira e Serra de São Domingos

O Governo do Estado de Minas Gerais, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), reconhece mais dois importantes bens como patrimônio material. O Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais – Conep aprovou, por unanimidade, nesta terça-feira (30/05), em reunião realizada na sede do Iepha-MG, o tombamento de dois pontos turísticos: o Túnel da Mantiqueira, localizado no município de Passa Quatro, e a Serra de São Domingos (foto), na cidade de Poços de Caldas, ambos localizados no sul de Minas.

“Em relação ao tombamento da Serra de São Domingos, em Poços de Caldas, o Iepha-MG desenvolveu um trabalho importante de levantamento, pesquisa e análise”, falou Angelo Oswaldo, secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais. “O Túnel da Mantiqueira constitui um sítio histórico da maior relevância para a história do Brasil, onde ocorreram embates dramáticos das revoluções de 1930 e 1932”, concluiu o secretário.

Para Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG, os tombamentos do Túnel da Mantiqueira e da Serra de São Domingos são ações importantes do instituto que vão ao encontro às expectativas da região do Sul de Minas. “Essas demandas estão aqui há muito tempo e, com os tombamentos aprovados pelo Conep, compartilhamos com os municípios a preservação desses espaços, agora reconhecidos como patrimônio cultural”, disse a presidente do Iepha-MG.

Com os tombamentos aprovados pelo Conep, compartilhamos com os municípios a preservação desses espaços, agora reconhecidos como patrimônio cultural

Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG

A presidente do Conselho de Patrimônio de Passa Quatro, Olivia Mendes, esteve na reunião e falou sobre a relevância do tombamento do túnel. “É de grande importância não só para cidade, mas também para o país. Para o município, é de enorme valor, já que o túnel é um dos principais atrativos turísticos da cidade”, ressaltou.

 

Túnel da Mantiqueira

O túnel, localizado no município de Passa Quatro, possui importante valor histórico e cultural, localizando-se sob a Garganta do Embaú, caminho obrigatório desde os primeiros tempos da colônia, entre São Paulo e Minas Gerais. Construído no fim do período monárquico, foi a primeira linha férrea a chegar ao Sul de Minas, sendo um dos principais palcos das batalhas das revoluções de 1930 e de 1932, por sua localização estratégica. Trata-se do primeiro bem a ser tombado pertencente a dois estados distintos.

O edifício da Estação Coronel Fulgêncio, que foi incluída no tombamento, embora singelo, possui características da arquitetura ferroviária inglesa, por ter sido construído pela Minas and Rio Railway, empresa de capital inglês contratada pelo governo para a construção e gestão da ferrovia. As obras e equipamentos existentes no pátio ferroviário, que incluem o túnel, arrimos, sistema de drenagem e um raro girador, constituem exemplares representativos da história da construção ferroviária e dos sistemas técnicos do século XIX. O dossiê de tombamento inclui diretrizes para a preservação e valorização dos significados do bem ou recuperação de algumas características que estão comprometidas.

O local é hoje uma referência no turismo regional, cujo potencial pode ser aprimorado, sendo utilizado como atração pelos estabelecimentos hoteleiros da região, originando, dessa forma, benefícios para o desenvolvimento socioeconômico.

Serra de São Domingos

A Serra de São Domingos foi reconhecida como patrimônio cultural de Minas Gerais a partir do seu tombamento pela Constituição Estadual de 1989. Faltava, no entanto, definir os limites da área tombada e as diretrizes de intervenção para a gestão do bem. Sendo assim, a regulamentação do tombamento da serra foi objeto de deliberação do CONEP, publicada em 10 de junho de 2017.

Localizada no Sul de Minas, no município de Poços de Caldas, parte da serra já havia sido declarada como unidade de conservação municipal desde 1988, constituindo importante marco geográfico que integra a paisagem urbana e proporciona qualidade ambiental.

A serra possui diferentes significados que motivam a sua preservação, identificados agora pela equipe do IEPHA-MG. Do ponto de vista histórico, integra uma cadeia de montanhas que já foi marco de fronteira e local de disputas entre as capitanias de Minas Gerais e de São Paulo. Possui relevância também como provedora dos recursos hídricos que abastecem as fontes termais da área urbana, utilizadas desde o século XVIII. O valor científico da serra como patrimônio geológico excepcional reside no fato de constituir uma das bordas da Caldeira de Poços de Caldas, um supervulcão com ocorrência de diferentes tipos de rochas alcalinas. O significado social que encerra se liga ao fato de possuir nascentes de qualidade e variedade físico-química que motivaram o desenvolvimento de Poços de Caldas; as relações da população se estendem também à sua apropriação como tradicional local de lazer e de abastecimento de água potável. Seu valor estético se liga, principalmente, à relação visual com o núcleo urbano, compondo a imagem da cidade balneária de relevância nacional.